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Procura-se neste trabalho proporcionar aos leitores menos familiarizados com o plano estratégico, o contacto com matérias que lhes permitam alargar os seus conhecimentos sobre conceitos, metodologias, e processos neste âmbito. Desde há vários anos que Empresas, Organizações Públicas e Organizações Não Governamentais (ou Sem Fins Lucrativos), têm em comum o facto de operarem num contexto cada vez mais exigente e mais complexo como é aquele em que vivemos actualmente, e no qual se lhes exige que tomem decisões para que se possam manter, expandir e assim proporcionar aos seus clientes ou utentes bens e serviços com a qualidade desejada. De facto esses sistemas abertos.




















O plano estratégico é, fundamentalmente, um instrumento de apoio à tomada de decisões, e para Bryson (1988) significa o "esforço disciplinado em ordem a produzir decisões e acções fundamentais que moldem e guiem o que uma organização (ou outra entidade) é, o que faz, e porque o faz. Implica uma recolha alargada de informação, uma exploração de alternativas, e uma ênfase nas implicações futuras das decisões presentes. Pode facilitar a comunicação e a participação, harmonizar interesses e valores divergentes, alimentar ordenadamente metodicamente a tomada de decisão e a implementação bem-sucedida.

A aplicação do processo de plano estratégico tem início na necessidade sentida desde a Antiguidade pelos comandantes militares de prepararem campanhas para vencer uma guerra, para o que tinham de preparar antecipadamente objectivos, recursos, movimentos e deslocações com o objectivo de alcançarem a vitória. Em suma tinham de planear contando com as suas forças e as suas fraquezas bem como com as forças e fraquezas dos adversários. Portanto como técnica, o plano estratégico surgiu no meio militar.4Porém na década de cinquenta do século XX foi adoptada pelo sector privado, com o objectivo de fortalecer a competitividade das empresas nos seus mercados, procedente de duas correntes de pensamento relativas à prática da gestão empresarial:
Ø  A primeira corrente decorre do desenvolvimento da planificação de programas e orçamentos com raiz na Segunda Guerra Mundial. Muitas empresas adoptaram o orçamento como uma ferramenta para melhorar o controle das suas operações. Os orçamentos anuais converteram-se de imediato em planos quinquenais devido ao reconhecimento das consequências financeiras a longo prazo que condicionavam muitas decisões empresariais.
Ø  A segunda corrente de pensamento teve origem na Escola de Negócios de Harvard, onde se enfatizava a importância de dispor de uma estratégia empresarial global. Até esse momento a teoria da gestão empresarial havia-se concentrado no estudo separado de funções como a produção, as finanças, o marketing, a logística, etc. Sem dúvida à medida que as empresas cresceram.

Alguns especialistas deste tema (v.g. Bryson, 1988) chamam, no entanto, a atenção para que apesar das suas potencialidades, o plano estratégico pode não ser o melhor passo para uma organização cujo topo está em crise, e/ou que apresente buracos orçamentais significativos e/ou que não tenha ainda preenchidas posições chave de liderança. Da mesma maneira se a organização carecer de condições técnicas, de recursos, ou orientações de decisores chave para produzir um bom plano, o plano estratégico poderá ser uma perda de tempo. Assim, para que um plano estratégico tenha perspectivas de sucesso, deve estar em condições de produzir decisões e acções de harmonia com os objectivos previamente estabelecidos e devem estar garantidos alguns requisitos de base, como por exemplo:
Ø  Que exista uma parceria ou coalizão dominante que entenda apoiar o processo de plano estratégico; Que se verifique um papel reconhecido e aceite, de iniciativa ou mesmo de liderança, por parte de um dos parceiros;                                       

Ø  Que se disponha a nível local de recursos humanos necessários;
Ø  Que se verifiquem outras condições reais (financeiras, técnicas organizacionais, etc.) para a implementação do plano.

Estes ensinamentos têm sido colhidos essencialmente da experiência já acumulada, resultante da aplicação do plano estratégico às empresas do sector privadocomplementada actualmente
com a experiência da aplicação às organizações públicas e às organizações sem fins lucrativos, entre as quais se contam as Organizações Não Governamentais (ONGs). As limitações do plano estratégico têm sido abordadas com bastante frequência.
Nos anos 60 e princípios dos anos 70, a evolução estável e previsível do meio ambiente envolvente levou a que a generalidade das organizações em todo o mundo adoptasse um processo formal e consciente de geração de estratégias que resultava na concepção de um plano estratégico bastante completo para o futuro a médio e longo prazo.
Todavia, após as crises petrolíferas dos meados dos anos 70, este processo deixou de dar resposta às necessidades que então surgiam: a instabilidade da evolução do rendimento, os défices orçamentais, as elevadas taxas de juro e inflação, o desemprego e a estagnação ou recessão do consumo à escala global conjugaram-se para pôr em causa as bases de sustentação do plano estratégico. Foram então identificadas as principais deficiências:
Ø  Separação entre o raciocínio e a acção: quem planeia não executa.
Ø  Acesso a informação relevante: responsáveis pelo plano apenas recebem informação processada e agregada, geralmente de natureza quantitativa.
Ø  Impossibilidade de previsão: inovações tecnológicas ou guerras de preços, por exemplo, são descontinuidades imprevisíveis.
Ø  Falta de originalidade: plano tende a extrapolar tendências passadas ou a imitar a concorrência.
Ø  Rigidez processual: uma vez definido o plano é difícil alterá-lo.
Ø  Aumento da burocracia: é criado um novo órgão de staff na hierarquia.
Ø  Ineficácia: o plano estratégico.
Segundo Bryson (1988), o plano estratégico pode ser aplicado a:
a) Serviços, departamentos, ou outras organizações públicas;
b) Cidades, áreas metropolitanas, regiões ou outras divisões geográficas;
c) Organizações sem fins lucrativos;
d) Sectores específicos tais como Transportes, Saúde, Educação.
No nosso país o planeamento estratégico tem sido adoptado por uma grande multiplicidade de autarquias, das quais destacamos entre outras: Beja, Évora, Lisboa, Pombal, Vendas Novas), estabelecimentos de ensino superior (Universidade de Évora, Escola Superior Agrária de Elvas), Organizações Não Governamentais (Rede Europeia Anti Pobreza).
Os principais elementos constitutivos que qualificam o processo de plano estratégico são os seguintes:
Ø  Privilegia a análise prospectiva e de cenários;
Ø  Assume um comportamento dinâmico e flexível no confronto da selecção dos objectivos e de actuações, tendo em conta que o futuro reserva descontinuidades e surpresas que é impossível prever, mas que se poderá interpretar e enfrentar;
Ø  Considera os elementos de complexidade que caracterizam o âmbito territorial a que se aplica um único desenho estratégico com base na análise SWOT  (Strenghts – Weaknesses – Oportunities – Threats), o mesmo é dizer a identificação das oportunidades e ameaças que se manifestam na envolvente, e dos pontos de força e debilidade internas à organização.
Ø  Opera numa dimensão abertamente pragmática, pois age num contexto de racionalidade limitada e de incerteza, o que significa por exemplo articular a decisão à previsão de cenário que identifica uma visão de sucesso do plano, entendido como resultado de um processo negocial que implique a pluralidade dos actores, e preveja mecanismos de feedback e de retificação contínua que permitam reorientar a decisão e retomar o seu próprio passo, de garantir
Ø  Flexibilidade ao plano e adoptar tendencialmente as políticas que sejam efectivamente realizáveis;
Ø  Privilegia a análise sistémica, atém-se a processo de aprendizagem e de revisão iterativa, privilegia a interacção negocial com os interesses;
Ø  Capacitar a organização a adaptar-se e a reagir frente as mudanças no cenário de atuação;
Ø  Orientar as atividades da organização em direção aos objetivos da organização;
Ø  Maximizar o potencial produtivo considerando os recursos disponíveis;
1 Estabelecimento de Missão, Valores e Visão.
1.1 Conceito de Missão
A missão da organização define o propósito fundamental da existência da organização.
A missão identifica a razão de ser da organização – isto é, o que ela representa.
Assim, a missão de uma organização significa a razão de sua existência. É a finalidade pelo qual a organização foi criada e para o que ela deve servir.
A definição da missão organizacional deve responder a três perguntas básicas:
Ø  Quem somos?
Ø  O que fazemos?
Ø  E por que fazemos o que fazemos?
Exemplo de missão da Editora Abril
“A Abril está empenhada em contribuir para a difusão de informação, cultura e entretenimento para oprogresso da educação, a melhoria da qualidade de vida, o desenvolvimento da livre iniciativa e ofortalecimento das estruturas democráticas do país”.
Os valores fazem parte dos fundamentos estratégicos da organização.
São um conjunto de crenças e princípios que orientam as atividades e operações de uma organização e o comportamento geral dos seus membros.
Não basta que a organização tenha valores claramente definidos. É fundamental que os colaboradores os conheçam e os pratiquem, pois é com base nesses valores que todas as ações dentro da organização deverão ser realizadas.
Os valores devem espelhar tudo aquilo que é importante para a organização.
Ø  Valorização da vida e do meio ambiente;
Ø  Respeito e comprometimento mútuos;
Ø  Objetivos e metas claros e definidos;
Ø  Reconhecimento pela contribuição para os resultados;
Ø  Desenvolvimento pessoal e profissional;
Ø  Inovação e Qualidade;
Ø  Empreendedorismo e ousadia;
Ø  Participação e trabalho em equipe.
1.3 Conceito de Visão
A visão é um conjunto preciso e bem elaborado de palavras que anunciam o direcionamento e asaspirações da organização.
É a definição de um futuro pretendido pela organização, que represente propósitos globais e perdure ao longo do tempo.
Visão é a imagem que a organização tem a respeito de si mesma e do seu futuro.
A visão busca estabelecer uma identidade comum quanto aos propósitos da organização, a fim de orientar o comportamento dos membros quanto ao futuro que ela deseja construir.
Exemplo de visão do O Boticário
“Ser reconhecida por colaboradores, parceiros, clientes e segmento onde atua como uma das maisimportantes referências mundiais em beleza e fazer que suas ações para a preservação da vidaestabeleçam uma forte identificação com a sociedade”.
2 Diagnóstico Estratégico
O diagnóstico estratégico é a análise do ambiente externo e interno, é através dele que a organização busca informações sobre o ambiente de atuação.
A análise SWOT é uma das ferramentas a ser utilizada no diagnóstico estratégico, para ajudar as organizações aconhecer melhor a si e o ambiente em que atua.
A análise SWOT é o processo de identificar sistematicamente as Forças (Strenghs) e Fraquezas (Weaknesses) da organização, as Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats) no amobiente de atuação.
Ela permite à organização obter uma ideia mais clara da sua posição estratégica
2.2 Análise do Ambiente Externo
A relação com o meio externo constitui um fator-chave da organização e por esse motivo, entender as particularidades, organização e funcionamento desse ambiente é essencial para a gestão da organização.
Para analisar o ambiente geral, é importante que o gestor levante informações sobre os seguintes aspectos:
Ø  Socioculturais;
Ø  Legais: leis, impostos, taxas aplicáveis ao setor;
Ø  Políticos/governamentais;
Ø  Econômicos;
Ø  Tecnológicos.
A análise externa permite a identificação e avaliação das oportunidades e ameaças presentes e futuras à organização.
Oportunidades: são situações ou eventos futuros, externos à organização e por ela não gerenciáveis diretamente.
As oportunidades quando bem aproveitadas, podem facilitar o cumprimento da missão da organizaçãoAs oportunidades oferecem um potencial favorável no ambiente da organização para o cumprimento do seu objetivo.
Ameaças: são situações ou eventos futuros, externos à organização e por ela não gerenciáveis diretamente. Se não forem evitadas, podem dificultar o cumprimento da missão.
As ameaças são as principais circunstâncias desfavoráveis ou impedimentos à posição atual ou futura da empresa no alcance do seu objetivo.
A identificação desses dois fatores permite à organização vislumbrar oportunidades – respeitando seus fundamentos estratégicos – e ameaças, das quais deverá se defender.
Para uma melhor organização dos trabalhos, tanto as oportunidades quanto às ameaças são priorizadas em função de sua relevância para o cumprimento da missão.
Ø  2.3 Análise do Ambiente Externo
Os pontos fortes e fracos da organização são identificados por meio da análise interna da organização.
Pontos fortes: condições ou características internas que contribuem para o cumprimento da missão da organização.
Os pontos fortes ou forças são os recursos ou aptidões que fazem com que a organização supere os concorrentes, é uma característica competitiva da organização que a coloca em vantagem frente aos concorrentes.
Pontos fracos: condições ou características internas que reduzem a probabilidade de cumprimento da missão da organização.
Os pontos fracos ou fraquezas são as características competitivas da organização que as coloca em desvantagem frente às concorrentes, devendo estas também ser reconhecidas e tratadas.
Todas as características, habilidades e competências da organização devem ser analisadas e priorizadas em função da sua contribuição para o cumprimento ou não da missão organizacional.
3 Determinação dos objetivos empresariais
Os objetivos são os resultados para os quais todas as atividades organizacionais são direcionadas.
As organizações podem ter vários objetivos de longo prazo e abrangentes, entre eles a lucratividade, presença no mercado, boas relações com os empregados, e outros.
Os objetivos são resultados específicos que a organização pretende alcançar em um determinado período de tempo.
Enquanto a missão define qual é o negócio da organização e a visão proporciona uma imagem do que a organização quer ser, os objetivos estabelecem resultados concretos que desejamos alcançar dentro de um específico prazo de tempo.
5 Formulação das alternativas estratégicas
Com os dados anteriores em mãos, se estabelece as medidas estratégicas necessárias e aplicáveis para se atingir os objetivos propostos para a organização.
As ações estratégia tem como finalidade direcionar a organização ao aproveitamento dos recursos disponíveis, e a orientar um caminho a seguir, perante aos diferentes desafios e objetivos propostos para a organização
6 Elaboração do plano estratégico
O plano estratégico é documentação formal que descreve o conteúdo discutido e definido no plano estratégico.
O plano estratégico servirá como base e referencia para a elaboração do plano tático e do plano operacional.
7 Implementação por meio dos planos táticos e planos operacionais
As diretrizes estabelecidas no plano estratégico deverão ser detalhadas e implementadas por meio dos planos táticos e planos operacionais conforme suas  particularidades.
As decisões oriundas do plano estratégico devem ser implantadas por meio de planos táticos e operacionais e detalhadas de forma compreensível e clara para os demais participantes da organização.



























Conclui que O plano estratégico é, fundamentalmente, um instrumento de apoio à tomada de decisões, e para Bryson (1988) significa o "esforço disciplinado em ordem a produzir decisões e acções fundamentais que moldem e guiem o que uma organização (ou outra entidade) é, o que faz, e porque o faz. Implica uma recolha alargada de informação, uma exploração de alternativas, e uma ênfase nas implicações futuras das decisões presentes.





















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ABREU, Francisco
2002 Fundamentos de Estratégia Militar e Empresarial, Lisboa, Edições Sílabo, Lda
AGRO.GES – Sociedade de Estudos e Projectos, Lda
 2001 Á esquerda do Guadiana – Plano Estratégico de Desenvolvimento Agro-Rural
dos Concelhos de Moura, Serpa e Barrancos, s.l., Cooperativa Agrícola de
Moura e Barrancos
ANSOFF, H. Igor et al.
 1990 Do Planeamento Estratégico à Administração Estratégica, São Paulo, Editora
Atlas SA
BARROCAS, Carolina A. S. C.
 2002 Planeamento Estratégico, Évora, Universidade de Évora
BILHIM, João Abreu de Faria
 1995 “Para uma teoria da Gestão da Mudança Estratégica”, Estratégia e
Planeamento na Gestão e Administração Pública, Lisboa, ISCP